segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Corpo e felicidade

Tarefa da Semana

Leia o texto abaixo; e responda a pergunta.

" você acha que para sermos verdadeiramente feliz, está bem com o corpo é um fato primordial?"




"...a repressão, até onde isso for possível, de todos os sinais externos, enfraquece nossas emoções. Aquele que se permite expressar por uma gesticulação violenta incrementará sua ira; aquele que não controla os sinais de medo, vivenciará esse medo em grau mais elevado; e aquele que permanece passivo, quando subjugado pelo pesar, perde sua melhor oportunidade de recuperar a elasticidade mental."

- Charles Darwin -


Existe uma realidade inexorável, que é facilmente sentida por algumas pessoas, mas que é extremamente difícil para outras. Vivemos em um planeta material e concreto, e possuímos um corpo físico, material e bastante concreto também.

Todo nosso sentido de identidade está relacionado com o contato que temos com esse corpo, suas sensações e sentimentos, sua expressão, postura e movimentos. Se não temos contato com nossas expressões corporais, podemos dizer que não sabemos quem somos.

Nesse sentido, podemos chegar à conclusão que um corpo sem vida carrega uma alma sem vida, e consequentemente um corpo vivo abriga uma pessoa feliz. O contato que temos com a realidade envolve um maior contato com nosso corpo físico, pois para nós, não existe maior prova de nossa existência enquanto seres vivos, do que o reflexo de nossa imagem no espelho.

Certamente todos sabemos que possuímos um corpo, que por menor que seja nosso contato com ele, nos orienta no tempo e no espaço. Mas se não nos identificamos com esse corpo, inevitavelmente nos sentimos seres semi mortos, mecânicos e alienados.

Todos nós, percebemos a realidade somente através de nosso corpo. Quanto mais conectados estamos a esse corpo, mais vivos e felizes nos sentimos. Mas quando digo contato com o corpo, não me refiro ao contato com a imagem ou forma que esse corpo tem.

Vivemos em uma sociedade narcisista, onde o culto à imagem, a corpolatria, se encontra presente em toda e qualquer situação. Muitas pessoas tornam-se escravas dessa imagem, perdendo assim, totalmente, o contato real com seu corpo.

Me refiro sim às sensações e sentimentos desse corpo, que é exatamente o que nos faz sentir a vida. Um corpo que estremece de medo, que se arrepia de prazer, que busca o contato e calor humano, e a fusão no momento de amor. Um corpo vivo e pulsante, repleto de ternura e realidade.

Digo realidade porque experienciamos a realidade do mundo somente através de nosso corpo, nossos sentidos. A ausência de sentimentos sinaliza um corpo morto, sem vida, encouraçado e defendido, sem contato com o mundo real.

Um corpo sem vida é um corpo infeliz, que abriga uma pessoa infeliz. Quando nos apegamos demasiadamente à imagem, nos afastamos da vida, de um verdadeiro sentimento corporal, de nossa verdadeira identidade.

Sem sabermos quem somos, não podemos construir muita coisa. Quando estamos em contato com nosso corpo, percebemos mais as cores, os sons, nossa necessidade de calor e contato aumenta, e podemos começar a ter uma noção mais exata dos nossos limites.

E quando conhecemos esses limites, começamos a construir um caminho mais concreto em direção a nós mesmos e aos outros. Certamente faremos escolhas mais acertadas, sem corrermos tantos riscos de errar.

Paramos de perseguir objetivos irreais por que entramos em contato com a realidade de nós mesmos e caminhamos em direção a sonhos atingíveis e consequentemente nos sentiremos mais íntegros e felizes.

Desde muito pequenos, somos persuadidos e envolvidos pela educação convencional a deixarmos de lado, por repressão, nossos sentimentos corporais. Enquanto matamos nossos corpos, matamos também a vida e a felicidade que nele se abriga, juntamente com nossa verdadeira identidade.

Simplesmente deixamos de ser. Perdendo nossas sensações, perdemos a nós mesmos, passamos a nos sentir estranhos moradores de um corpo que negamos e acabamos por romper nosso contato com a realidade. Primeiro rompemos com a realidade do que verdadeiramente somos e em seguida com a realidade da vida.

Em estados mais agravados de falta de contato corporal, e consequentemente com a realidade dos sentimentos, há um desligamento do mundo e das pessoas e por muitas vezes desenvolvem-se estados de medo e pânico. Indivíduos assustados constróem uma sociedade assustada.

A vida de nosso corpo denota nossa capacidade de sentir prazer, um sentimento de pertença, de estar vivo e feliz. Quando mais inteirados estamos de nossas sensações corporais, mais vivos e reais nos sentiremos.

Uma boa dica para você que quer começar a perceber as sensações de seu corpo, é a percepção de sua capacidade respiratória. Todos nós, ocidentais não aprendemos a importância da respiração Quando respiramos profundamente, quando permitimos que o ar penetre totalmente em nosso corpo, recebemos a vida plenamente.

Quando seguramos nossa respiração, impedimos a vida e todas as maravilhosas sensações que ela nos traz. Normalmente pessoas que seguram a respiração, ou que possuem uma respiração curta, são pessoas que possuem um grande medo de sua própria intensidade, da intensidade da própria vida.

Não deixando o ar entrar, impedimos o contato com o medo, é bem verdade, mas também o contato com o amor. Negando sentimentos e sensações que nos atemorizam, negamos também as que nos realizam como seres humanos. E como queremos ser felizes negando nossa condição humana de estarmos encarnados em um corpo repleto de sensações?


Beijos e uma otima semana.

 
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